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A Neta da Luísa

A Neta da Luísa chama-se Bárbara. Tem 23 anos e um gosto incalculável pela escrita, moda, lifestyle e beleza. Não é uma expert em nenhum dos assuntos, mas tem uma paixão imensa por todos eles.

A Neta da Luísa

A ti, estudante universitário:

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O meu facebook e instagram tem-se enchido, desde ontem, de fotos e vídeos da serenata. De pessoas felizes a vivenciarem o ponto mais alto e emocionante da sua vida académica. De grupos de amigos a solidificarem os seus laços entre jantares e copos de vinho (fraco). De trajes todos iguais em personalidades tão diferentes. De orgulho para uns, de loucura para outros.

 

De saudade e nostalgia, para mim. 

 

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Não vivenciei a minha vida académica - subentenda-se noitadas, convívios, diretas e outras tantas coisas - ao máximo. Sempre fui muito contida nesta parte que Coimbra também me ofereceu, mas que eu tantas vezes recusei. O primeiro ano foi de adaptação difícil. Estava frágil, insegura e perdida num ambiente que nunca antes tinha sido o meu. Não gostava de algumas coisas nas praxes, não me adaptei a viver fora da minha casa e não criei relações fortes com um sem número de pessoas. Desiludi-me algumas vezes. Fui criticada outras tantas. Não me integrei facilmente e demorou muito tempo até criar amizades verdadeiras. Não desfilei no cortejo no último ano da minha licenciatura porque a minha avó, grande parte da minha vida, partiu poucos dias antes. Tirei as fotografias de finalista de olhos lacrimejantes e com dor no coração. Vivenciei a vitória de três anos de Ciências da Educação com saudade no peito e dor no coração. Defendi o meu relatório de Mestrado com um nervosismo gigante e nem sempre foi tranquila a realização do meu estágio.  Mas apesar disto, fui feliz a maioria do tempo, enquanto estudante daquela cidade. 

 

Hoje, talvez ache que, se fosse a Bárbara de agora a entrar de novo naquele mundo, tudo teria sido diferente. Talvez desta vez relativizasse mais, entrasse mais na onda e não me deixasse afogar tanto pelas vozes que me obrigavam a lutar contra a maré. Se fosse hoje, teria derramado menos lágrimas. Teria sido mais forte perante os obstáculos e mais dura face a tudo aquilo que teimava em fragilizar-me o espírito e agitar-me a alma. Se a Bárbara de hoje voltasse atrás no tempo, talvez aproveitasse as adversidades para aprender, crescer, fortalecer... em vez de voltar à toca quando o ambiente na rua se sentia mais violento. Talvez saísse mais à noite, talvez conhecesse mais gente, talvez estudasse menos, talvez bebesse mais, talvez fosse mais feliz e despreocupada... Ou talvez não. Não sei. Ninguém sabe. A única coisa de que estou certa é que, de há seis anos para cá, esta Bárbara cresceu, mudou, ganhou asas. Mas, lá bem no fundo, continua a ser a mesma menina humilde que, em 2011, se aventurou num caminho nem sempre fácil, mas quase sempre feliz que é este de ser estudante universitário.

 

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Por isso, a ti que estás agora a navegar neste barco que um dia também já foi o meu, só tenho a dizer-te que aproveites as coisas boas que a faculdade te pode dar. Que vivas cada dia com a alegria de estares a concretizar um objetivo e com a felicidade de teres a oportunidade de percorrer este caminho. Que faças amigos, mas que não deixes que os amigos te façam. Que te dês aos outros, mas que nunca te entregues ao ponto de deixares de ser tu próprio. Agora que já li essa história que hoje estás tu a desfolhar, aconselho-te a que a vivas de forma a dar-lhe um final feliz. A relativizares aquilo com que não te identificas, a aceitares que toda a gente é diferente de toda a gente e a suavizares os dias que por vezes te parecem tão negros. Tem a humildade de não te achares mais que ninguém e a força necessária para não deixares que ninguém se ache mais do que tu. Não deixes que calem a tua perspetiva ou que ridicularizem a tua forma de ver as coisas. Permite-te ser o que és e não o que os outros gostavam que fosses. Permite-te a sentir saudades. A chorar por não teres os pais por perto ou por o namorado(a) estar a quilómetros de distância. Deixa que nem todos os dias sejam fáceis porque, com certeza, é com os mais difíceis que te vais tornar mais forte. E, acima de tudo, lembra-te que não és obrigado(a) a fazer nada com que não te identifiques e, principalmente, que não tens a obrigação de agradar a todos. Porque, garanto-te também, nem todos te vão agaradar a ti. É essa a magia da vida - e, principalmente, a aprendizagem desta fase - o que pensam de nós, jamais será o que nós seremos. 

 

A faculdade vai marcar-te para a vida e vai marcar-te a vida. E a marca é aquela que tu permitires: uma tatuagem bonita ou uma cicatriz dolorosa. 

 

 

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