Ler, Ver e Adorar #1 | A rapariga que derrotou o Estado Islâmico
Hoje começa uma rúbrica nova no blog. A segunda desde que este blog foi criado.
Ler, Ver e Adorar é o espaço para refletir, comentar e opinar acerca dos livros que vou lendo e os filmes que ou vendo. É mais um conteúdo criado para partilhar com vocês mais um bocadinho de mim, mais um bocadinho dos meus dias e, por isso, mais um pouquinho da minha vida.
Cheguei ao fim deste livro a pensar na sorte que tenho em viver no país em que vivo e no quão grata devo estar pela tolerância que temos, regra geral, face às escolhas, ideologias, valores e religião uns dos outros. A história de Farida leva-nos a crer que muitas vezes nos queixamos de coisas sobre as quais não temos, sequer, motivos para falar: a história de uma rapariga que, no auge dos seus 17 anos e habituada a uma família feliz, se vê capturada, vendida, agredida e violada por alguém que se acha no pleno direito de tratar as mulheres como mercadoria e como escravas dos seus prazeres pessoais. É de notar que os fatos relatados neste livro não ocorreram há cem anos atrás, mas sim no recente ano de 2014 - numa altura em que achamos que a liberdade de escolha e expressão deveria ser um direito global jamais questionável.
É um livro que recomendo. Não só pelo conhecimento que nos proporciona acerca da temática que aborda, mas também porque nos faz chegar ao fim com a sensação de que somos muito pouco gratos por todas as dádivas que temos e pelo facto de nos ser possível escolher, sem medos, aquilo em que acreditar.
SINOSPE | WOOK
Em agosto de 2014, Farida tinha 17 anos, uma família numerosa e uma melhor amiga com quem partilhava segredos e sonhos de futuro. Na sua aldeia no Iraque reinava a paz. Mas isso era "antes".
O "depois" impôs-se com a brutalidade de um pesadelo. Decorria ainda o mês de agosto quando a sua aldeia, não-muçulmana, foi ocupada pelo Estado Islâmico. Os aldeãos enfrentaram as ameaças com a dignidade da fé. Unidos, recusaram converter-se ao Islão.
E pagaram o preço. Os jihadistas assassinaram todos os homens e rapazes, e raptaram as mulheres e crianças.
O que se seguiu está para lá dos limites da imaginação. O dia a dia feito de espancamentos e violações. A indignidade dos mercados onde o Estado Islâmico vendia as prisioneiras como se fossem gado. Mas após várias tentativas de suicídio, a revolta falou mais alto. Farida decidiu lutar até ao fim das suas forças. E um dia, os terroristas esqueceram-se de trancar a porta do seu quarto. Foi o dia com que sonhara durante os longos meses de cativeiro. Foi o dia em que fugiu pelo deserto da Síria disposta a morrer pela liberdade.
Farida Khalaf tem uma história para contar.
E é uma história extraordinária.