"O assunto era saudade e eu só falei de ti"
É incrível o quanto o tempo consegue ser um factor relativo na cura de qualquer dor. Já passaram dois anos desde a tua partida. Ou devo dizer, ainda só passaram dois anos?
É que na saudade, parece que já estou sem ti há uma eternidade mas no sofrimento, parece que foi ontem que nos disseste adeus. De que adianta acreditarmos que o tempo atenua a angústia, se é esse o mesmo monstro que intensifica a força das saudades? O tempo, esse malandro, é tão amigo como inimigo, avó. E quem, naquela altura, me disse que ele curava tudo, é porque não sabia o tudo que tu eras para mim. Não sabia quantos sonhos estavam a ser desfeitos com a tua morte, quantos projectos postos em causa e quantas certezas diluídas. O tempo só ajuda no alcance da tranquilidade, apesar do mar revolto que é o meu coração sem ti. O tempo ajuda a aprender a conviver com a falta da tua presença, a lidar de forma pacifica com a agitação de não te ter por perto. Mas o tempo não faz esquecer. Não faz aliviar a tristeza. Não faz diminuir as perguntas e a procura por razões. Porque nem o tempo, nem nada, pode diminuir a importância que só tu tinhas na minha vida, no meu dia-a-dia, no meu coração.